Me explica, porque eu não entendo
Conheci Laura* no meu primeiro dia na paróquia. Estava linda. Toda arrumada, cheirosa e animada porque tinha conseguido um emprego. Muito extrovertida, ficaria na porta de uma loja de roupas convidando os clientes a entrar. Estava esperando o padre porque queria um pacote de macarrão e uma massa de tomate. Ofereci-me para ir ao mercado com ela e na caminhada me contou um pouco da sua história. Disse que teve gêmeos, mas a menina morreu logo depois de nascer. “Eu não aguentei, você entende? Era dor demais. Deixei o menino com a minha mãe e fui para a rua, foi como comecei no crack. O padre comprou o caixãozinho da minha filha”.
No mercado, disse que ela poderia escolher o que quisesse. “Não, de jeito nenhum, você já está me ajudando, não quero abusar”. Pegou um pacote de macarrão, uma massa de tomate e me pediu autorização para levar uma lata de milho. Tudo ela escolheu do mais barato. Nos despedimos. Naquele dia fiquei pensando na desigualdade.
Se Laura não fosse pobre, após o trauma teria acesso a atendimento psicológico, a uma rede de apoio, com certeza não iria parar na rua. Poderia até se envolver com drogas diante da dor da perda da filha, mas a história seria outra. Rico viciado vai para a clínica. Pobre viciado vai para a calçada. Rico viciado é chamado de doente. Pobre viciado é chamado de vagabundo, lixo, fraco. A gente repete que população de rua é caso de saúde pública, mas a verdade é que antes de tudo é caso de desigualdade social.
No dia seguinte, encontrei Laura quando ajudava a distribuir o café da manhã no Núcleo de Convivência São Martinho de Lima, no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo. De segunda a sexta-feira, após rezar a missa, o padre Júlio Lancellotti empurra um carrinho de mercado pela rua, por cerca de cento e cinquenta metros, levando pão para quem não tem teto.
A ajuda vem de voluntários, mas, principalmente, de André e Gabriel, que já viveram nas ruas e hoje chamam o padre de pai. O pão macio e fresquinho que o padre Júlio distribui – acompanhado de achocolatado – é produzido por pessoas que já tiveram em situação de rua em uma padaria solidária. Em alguns dias, o cardápio é ampliado. Banana, maçã, pera. Depende do que chegar de doação. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) é um grande parceiro.
Naquele dia minha função era entregar os pedaços de panetone cortados pelo padre. O atendimento diário no local, uma espécie de galpão onde as pessoas também têm acesso a banho e almoço (distribuído pela prefeitura), vai de 500 a 800. Muitos olhares passam envergonhados. A maioria ali é de homens, negros.
“Padre, hoje Laura está diferente”, eu disse. Ele me olhou como quem diz “é assim mesmo”.
Mas, entenda, não é um olhar de decepção. Sem romantismo, é um olhar de quem entende a realidade. Laura estava suja e com o comportamento alterado, mas fazia um esforço para parecer bem e estava visivelmente envergonhada. Falou alguma coisa, pegou o pão e saiu.
No dia seguinte, não vi Laura. Enquanto estava na pequena paróquia, que tem como forte referência a irmã Dulce – em cartazes e até em uma estátua de bronze– chegaram Wilian e Welington. Aos 21 anos, os irmãos, gêmeos idênticos, passaram por diversas fazendas trabalhando em lavouras até chegar na capital. Em um dos locais, colhiam tomates e ganhavam R$ 1,50 por caixa que, segundo eles, comportava cada uma cerca de 40 quilos. UM REAL E CINQUENTA CENTAVOS POR CAIXA. Trabalhando o dia todo debaixo do sol, carregando as caixas até os caminhões, em regime análogo à escravidão.
No dia seguinte, não vi Laura. Enquanto estava na pequena paróquia, que tem como forte referência a irmã Dulce – em cartazes e até em uma estátua de bronze– chegaram Wilian e Welington. Aos 21 anos, os irmãos, gêmeos idênticos, passaram por diversas fazendas trabalhando em lavouras até chegar na capital. Em um dos locais, colhiam tomates e ganhavam R$ 1,50 por caixa que, segundo eles, comportava cada uma cerca de 40 quilos. UM REAL E CINQUENTA CENTAVOS POR CAIXA. Trabalhando o dia todo debaixo do sol, carregando as caixas até os caminhões, em regime análogo à escravidão.
Wilian e Welington tinham a pele bem castigada e ferimentos nas pernas. Nunca tinham ouvido falar em Bolsa Família nem SUS. Perguntei sobre família.
“A gente costuma dizer que não tem família porque não conhecemos nosso pai e nossa mãe não quis a gente”.
Não estiquei o assunto. Aprendi que é cruel fazer as pessoas reviverem suas dores. Fiquei pensando no quanto tive essa atitude egoísta nos vinte anos que trabalhei na reportagem. Mexer em feridas só porque a gente tem que fechar uma matéria.
“Você almoça conosco?”, convidou o padre. Fomos eu, ele, André, Gabriel, Wilian, Welington, Paulo (sociólogo que há mais de uma década acompanha o padre e comanda o projeto Caminhos da Rua), Humberto (estudante de doutorado que, assim como eu, tinha interesse acadêmico na visita) e mais algumas pessoas até um pequeno restaurante em frente à paróquia. Ali pude conversar um pouco mais com padre Júlio sobre como ele avalia a postura da imprensa diante da população de rua.
“Existe jornalista especializado para tudo, política, economia, cultura. Mas não existe jornalista social, nem especializado em pessoas em situação de rua, que é uma realidade complexa. Os repórteres chegam aqui e preciso explicar o básico”, disse. Concordamos que o jornalismo atua primordialmente nas consequências e não nas causas que levam as pessoas à rua. Que o Estado é pouco cobrado em relação a políticas sociais de moradia e emprego e ações que desburocratizem o sistema (por exemplo, o Poder Público leva meses, no plural, para comprar uma passagem para uma pessoa que está na rua e apenas quer voltar para o estado de origem).
Enquanto conversávamos, reparei no que Wilian dizia ao irmão. “A gente nunca foi tratado assim”. E achou melhor alertar o padre. “Padre, eu não sei usar garfo”. A resposta veio com naturalidade. “Usa colher, ué”. Assim, entre sorrisos e conversas, padre Júlio respira e se dirige a mim com o rosto vermelho e os olhos cheios de lágrimas.
“Me explica como uma pessoa é capaz de olhar nos olhos da outra e fazer dela um escravo. Porque eu não entendo”. Só consegui responder “eu também não, padre… eu também não”.
Após o almoço, o padre saiu para um compromisso e me ofereci para ajudar na instalação dos meninos, custeada pelo Caminhos da Rua. André e Gabriel foram em busca de um teto seguro para alugar. Fiquei encarregada de levar os gêmeos até a unidade de saúde para tratar os ferimentos e fazer a carteirinha do SUS. Depois, deixamos Wilian e Welington na quitinete alugada e enquanto eles limpavam o local, fomos em busca da mobília. Acompanhei André e Gabriel na compra de fogão, geladeira, bicama e televisão, tudo transportado na Kombi de Renato.
Ele recebeu pelo frete, mas fez muito mais. Ajudou a carregar tudo, transportar, montar e comprou água quando todo mundo estava com sede. Descobri que a senhora que estava na quitinete ao lado não tinha geladeira. Wilian na mesma hora voltou-se ao irmão. “A gente pode deixar ela guardar as coisas na nossa”. Naquele dia, pensei em como a solidariedade domina aquele pedacinho da gigante São Paulo.
O dia seguinte começou igual: missa (em que o padre Júlio falou de amor ao próximo, vacinação contra covid e a lei que passou a valer liberando as mulheres da autorização do marido para a cirurgia de laqueadura), carrinho de mercado, caminhada, distribuição, Laura (ainda suja e envergonhada). Foi enquanto ajudava a recolher o lixo que Raimundo entrou na minha vida.
Raimundo, de uns 50 anos, desmaiou antes do primeiro gole de café. Corri para pegar uma cadeira enquanto dois voluntários o seguravam. Sentado, começou a vomitar no salão. Segurei a testa dele (como faço com os meus filhos) e disse “pode vomitar, você vai ficar bem”. O olho dele girava. Segurei a cabeça dele na direção da minha, olho no olho. “Olha pra mim! Meu nome é Patrícia e vou ficar com você, tá me ouvindo?”. Balançou a cabeça positivamente. “Como é o seu nome?”. “Raimundo”.
Raimundo suava frio, vomitava e tinha dificuldades para respirar. Os voluntários ligaram várias vezes para a ambulância, que não apareceu. Alguém veio com a solução. “Vamos conseguir uma cadeira de rodas e empurrar ele até a UPA”. Veio a cadeira e lá fomos nós, eu, Téo (também em situação de rua) e outra voluntária empurrando pelo asfalto a cadeira que tinha a roda quebrada e era preciso girar com força cada vez que ela emperrava. E ela emperrava de dois em dois minutos. Raimundo chorava. “Eu não quero morrer”.
“Olha pra mim, Raimundo! Você não morre hoje”.
A UPA não era longe. Raimundo, diabético e hipertenso, chegou com uma dor muito forte no peito e foi direto para a sala do eletrocardiograma. A médica suspeitava de infarto. As horas passaram entre vômitos, medicação, troponina, raio-x, mais vômito, mais medicação, mais exames. Téo precisou ir. Éramos eu e Raimundo agora. A médica dizia “você já fez a sua parte, não precisa ficar aqui com ele, avisa a assistência social da UPA e pode ir”.
Não, eu não ia embora. Prometi a Raimundo que ele não estava sozinho. Pelo menos não naquele dia. Coloquei uma pulseira minha no braço dele. “Tá vendo essa pulseira, seu Raimundo? É para o senhor não esquecer que eu estou aqui com o senhor”. Não, doutora, eu não vou embora.
Enquanto ele era medicado, fiquei observando a movimentação na UPA. Laura apareceu. “Laura, o que você está fazendo aqui? Está se sentindo mal?”, perguntei. “Não, eu venho aqui beber água”. Para quem não tem casa, a UPA supre necessidades básicas como água e banheiro. Vi uma senhora que recebeu alta, mas não tinha para onde ir. Ficou lá durante horas.
“Com certeza ela vai passar a noite aqui. Muita gente faz isso. É mais seguro do que estar na rua”, disse o enfermeiro.
Existem abrigos na região, mas nem sempre há vagas. Além disso, quem perde o horário da entrada só tem a calçada como opção.
Esperando Raimundo pude conversar um pouco mais com Renato. Vi o padre Júlio acordá-lo na calçada duas manhãs seguidas para que não perdesse o café da manhã. Renato tem 36 anos e uma filha de 12. Tinha casa, família, passou por vários empregos de carteira assinada, mas agora dorme na rua. “O crack levou tudo o que eu tinha”. Calmo, gentil, um pouco tímido, foi companhia agradável naquele dia turbulento. Laura fez outra aparição e sumiu de novo.
Já era noite quando o grito de raiva da técnica de enfermagem ecoou na unidade lotada. “Quem é acompanhante de Raimundo?”. Apresentei-me e ela esbravejou ganhando a atenção da plateia de pacientes. “Ele se urinou todo, molhou todo o chão!!”. Raimundo, apesar da fralda, estava na cadeira de rodas envolto em duas poças de urina, uma na cadeira e outra no chão, que alguns funcionários se apressaram em jogar papel, de forma nada discreta, com movimentos grandes, teatrais.
“Você vai ajudar a lavar ele!!!”, ela gritava para a audiência enquanto Raimundo chorava de vergonha na cadeira.
Chamei a moça em um canto e perguntei o porquê de estar gritando. “Você vai ajudar a limpar ele!!”, ela repetia. “Isso eu já entendi, eu não entendi porque você está gritando”. A resposta veio louca, em um tom abaixo do primeiro escândalo. “A senhora me entendeu mal, eu não fui grossa com você”. Em nenhum momento eu havia dito isso. Até porque a pessoa que mais sofreu com essa exposição não fui eu, mas estava bem ali, vulnerável, invisível. Demos banho em Raimundo. Eu tinha que fechar constantemente a porta que ela e outra técnica insistiam em deixar aberta, apesar do paciente estar nu, completamente exposto. Pensei se rico passava por isso.
“Que humilhação”, Raimundo chorava. “Não tem nada de humilhação, Raimundo. Olha pra mim. É assim mesmo, todo mundo passa por isso”, menti, tentando ser acolhedora. Como a bermuda dele foi cortada, não havia o que vestir. “Ele vai ficar só de fralda”, esbravejou a outra técnica. “Fique tranquilo, o senhor não vai ficar só de fralda, eu consigo uma bermuda”, tranquilizei. Enquanto a gente puxava a cadeira de rodas para fora do banheiro, ele pediu nervoso. “Patrícia, a minha pulseira! Elas tiraram para o banho, pega pra mim na pia”. Era a pulseira que eu tinha dado.
Raimundo foi colocado no corredor da UPA de camiseta, fralda e com um lençol por cima das pernas. “Já volto com uma bermuda para o senhor”, eu disse. Eram oito horas da noite, estávamos há quase doze horas ali, ele já se sentindo bem melhor, agora só aguardando o médico dizer se precisaria de internação. Atravessei o portão da UPA, chovia forte, e ali chorei um tanto. Chorei de cansaço, de impotência, do fato de que dali eu iria para um quarto de hotel e Raimundo para o abrigo (a essa altura eu já tinha descoberto o telefone da assistente social do abrigo e conseguido autorização para que ele entrasse caso recebesse alta).
Não deu tempo de lamentar muito. Raimundo precisava de uma bermuda. Tentei sem sucesso na assistência social da UPA. Até que vi Laura. Ela estava muito agitada. “Laura, me ajuda. Preciso de uma bermuda para o Raimundo, ele está só de fraldas no corredor do hospital”. A resposta veio prática. “Qual tamanho? Quer uma camisa também? É bom que faz conjunto. Vou conseguir pra você”. E saiu. Olhei com descrédito. A intenção era boa, mas se no caminho ela usasse alguma coisa, já era a bermuda de Raimundo. Peguei um uber e achei uma loja aberta na Mooca. Comprei duas bermudas e voltei. Raimundo estava na mesma posição. No colo, uma sacola com a bermuda e a camisa que Laura levou. Segurei o choro.
No final das contas, o infarto não se confirmou. O médico da noite disse que os exames estavam normais. Ali, naquele momento, já bom das dores e respirando bem, vendo a alta se aproximar, Raimundo disse que parte do corpo estava paralisada. O exame clínico mostrou que não. Naquela altura do campeonato, quase dez da noite, Raimundo não me falou, mas percebi que queria dormir ali, afinal era um teto seguro com garantia de comida. Fomos de uber até o abrigo onde ele dorme há um ano e meio e sonha em juntar dinheiro. Não quer voltar assim, sem nada, para a Paraíba, onde estão a mãe e a irmã. Aquela noite não consegui dormir. O motorista do uber, que nunca tinha visto de tão perto aquela realidade, fez questão de não cobrar a corrida.
Não vi mais Laura. Não pude lhe agradecer pela bermuda
No dia seguinte fui até o viaduto onde há dois anos dezesseis famílias improvisaram um local para dormir. Era minha segunda visita. Tapumes foram usados para separar um pedacinho para cada grupo familiar. A convivência tinha regras definidas. Ali, onde viviam muitas crianças (todas matriculadas na escola) era proibido usar drogas e bater em mulher.
Padre Júlio acompanhava o grupo há bastante tempo. Uniu o Caminhos da Rua e o projeto habitacional Fica para tirar as famílias do viaduto. Elas foram recolocadas em apartamentos próximos dali, onde teriam seis meses para começar a pagar aluguel (150 reais por mês) e um ano para o condomínio (mais 150 reais). Naquele dia de despedida do viaduto, Darlene, mãe de dois filhos, e Márcia, de oito, estavam radiantes de alegria.
Preciso falar sobre Márcia
Quando criança acompanhou o sofrimento da irmã, a violência e os abusos do padrasto e a incapacidade de reação da mãe. No início da adolescência, quando percebeu que seria a próxima a ser molestada naquele ambiente que não reconhecia como lar, Márcia fugiu. Passou a dormir nas calçadas e a pedir dinheiro. Não conversava com as outras pessoas em situação de rua, tinha medo. Uma noite, enquanto dormia, um homem se deitou junto dela. Ela acordou com os gritos dos outros homens que já a tinham visto por lá e naquele momento colocavam o potencial agressor para correr.
“Percebi que eles me protegiam sem eu saber. Tem muito disso na rua”. Aos 16 anos, Márcia conheceu Judson. Estão juntos há vinte anos, com oito filhos. As crianças são apaixonadas pela mãe. Estão sempre agarradas às pernas de Márcia, mulher de voz alta, fala grossa e que sonha em ter uma casa e finalmente se casar com Judson. “Padre Júlio não sabe, mas é ele quem vai celebrar meu casamento”.
O casal aparentava parceria e amizade de quem passou junto pelo fundo do poço. Há alguns anos, o vício em crack quase acabou com tudo. “Eu usava pra ficar fazendo faxina, você acredita? Pra esquecer um pouco que a gente tava na rua e todo dia lutava só pra ter o que comer. Judson usava mais do que eu e ficava agressivo”. Márcia dizia o tempo todo que apesar do vício nunca deixou de cuidar dos filhos. Repetia tanto isso que me fez pensar se dizia para mim ou para ela mesma.
A resposta veio durante o caminho que percorri com Judson por duas farmácias em busca de remédios para a mãe dele recém-operada. Ele me contou que perderam a guarda de um dos filhos. Para aquela mãe, amorosa no seu jeito bruto, foi o fim. Ela parou de usar crack e obrigou Judson a parar também. Fizeram tudo o que o juiz mandou e recuperaram a guarda do filho. Imaginei a dor e a culpa que Márcia sentiu. A dor pelo afastamento do filho pequeno, por um juiz – que nunca viveu o que ela viveu – sentenciar que naquele momento ela não tinha condições de cuidar da criança. A culpa por saber que o juiz estava certo. Entendi o porquê de não ter me contado.
Sentada no meio-fio do viaduto acompanhando as famílias guardarem em caixas os pertences que levariam para os apartamentos, pensei naquela oportunidade. Já tinha entrevistado várias vezes pessoas em situação de rua, mas nunca criei um vínculo real. Era preciso conviver com elas. Era preciso estar ali sem precisar tirar nada (nenhuma entrevista, nenhum choro emocionado). Só estar. Ouvir e observar. Sem julgar, sem oferecer solução, mexer em feridas ou dar lição de moral a partir de um lugar de conforto.
É o que padre Júlio faz há trinta anos. Olha a sociedade a partir da ótica do mais vulnerável. Oferece pão, água, cobertor, banheiro, acolhimento. Dá bronca também. Em quem tenta passar duas vezes na fila do café da manhã ou pega cesta básica para vender no sinal. Júlio Renato também luta. Ativista, participa de entrevistas e denuncia as alucinações do prefeito de São Paulo. O padre não deixa a população de rua ser esquecida. E transforma pão e palavra em mudança social. Há dois meses foi promulgada a lei que leva seu nome e proíbe a arquitetura hostil em todo o País. Agora, batalha para criminalizar a aporofobia, o ódio aos pobres.
*Os nomes verdadeiros das pessoas em situação de rua foram preservados.
Publicado originalmente em Primeira Página, em 09/04/2023.